Não é novidade pra ninguém que nunca se falou tanto em alimentação saudável, quanto hoje! E este assunto parece interessar a um público apaixonado, que busca cada vez mais as feiras orgânicas e as lojas de produtos naturais, como eu! Nesses locais é onde se manifesta meu impulso consumista e onde tenho vontade de comprar tudo o que vejo pela frente!
Até aí, tudo bem, pois é um consumo consciente, que tem como principal objetivo a saúde e o bem estar, certo? Mais ou menos! Se os benefícios desta habitualidade nos tornam reféns de um radicalismo, que não nos permite qualquer desvio do que é “100% permitido”, já não está mais “tudo bem”.
Por que estou falando disso agora? Porque revendo os conteúdos das publicações anteriores do blog, os temas referem-se a produtos que eu tenho a maior convicção, do valor e da diferença que podem fazer na nossa saúde! E aí alguém já me perguntou: “Ane, não tem crítica ou discordância nas publicações? Serão sempre só elogios e aspectos positivos?”
Não tenho a intenção de usar este espaço para críticas. Já tem muita gente fazendo isto! Prefiro falar do que acredito e aprovo, porque acho mais produtivo. Aliás, na minha apresentação no blog propus descomplicar e esclarecer, para tentar desvendar este universo.
Mas isto não me impede de fazer um alerta. Aliás, acho até que seria minha obrigação, como divulgadora de produtos naturais! Ao ler e ouvir tantos comentários sobre novas descobertas, alimentos que sobem e descem na bolsa de valores nutricionais, surgimentos de novas dietas e “verdades incontestáveis”, que duram um verão, sinto que o desequilíbrio nos ronda e nos assombra!
Na rotina de identificar novos produtos, a avaliação do lojista tem como ponto de partida os valores agregados dos rótulos dos novos lançamentos. Antes, bastavam ser integrais e sem conservantes. E hoje?Já percebeu como estão sendo apresentados os produtos?
Parece faltar espaço nos rótulos, porque as exigências só aumentam: zero glúten, zero lactose (melhor ainda se for sem leite), vegano, com proteínas vegetais, zero gordura trans, orgânico, biodinâmico, low carbo, zero conservantes, zero açúcar, zero soja, baixo sódio, baixa caloria, e por aí vai! Haja espaço para tanto valor agregado num só rótulo! Sem esquecer que os fabricantes ainda devem alertar para os ingredientes alergênicos, como o glúten, o leite, a soja, ovos, amendoim, castanhas, amêndoas, avelãs e outros.
E se não tenho nenhuma dessas restrições (alías, tenho… sou intolerante à lactose), ainda assim devo seguir todos estes critérios para garantir a qualidade da minha alimentação? Claro que não!
Este é o ponto que eu quero chegar! As dietas da moda, a publicidade e algumas referências menos confiáveis estão levando as pessoas a seguir padrões extremos. Nem vou falar aqui sobre a Ortorexia – (ortho: correto e orexis: apetite) – aquele transtorno alimentar que caracteriza a obsessão pela alimentação correta e saudável!
O problema é que, se por um lado é fundamental uma dieta equilibrada e rica em alimentos saudáveis e nutritivos, o excesso de preocupação também pode comprometer a saúde física e mental. Pense, por exemplo, na quantidade de vezes que você tem visto publicações em que as pessoas falam em quinoa, banana verde, batata doce, óleo de coco, tapioca e suco verde, como se não existisse sobrevivência segura, além destes alimentos.
O maior risco é que isso pode levar a dieta e os cuidados com a saúde muito além daquelas máximas, tão conhecidas: “que seu remédio seja seu alimento e que seu alimento seja seu remédio” ou “você é o que você come”.
Ainda na dúvida, se esse é o seu caso?
FAÇA O TESTE:
1)Você se preocupa com cada detalhe do que encontra no alimento?
2) Só se permite alimentos saudáveis?
3) Se incomoda ao comer qualquer coisa que não seja 100% saudável?
4) Este assunto é o seu preferido, sempre?
5) Para você a alimentação define sua autoestima e seu valor pessoal?
6) Você limita a variedade de alimentos, para garantir a segurança do que faz bem?
7) Renuncia a ingestão de alimentos que gosta, porque não são “bons” ou saudáveis?
8) Você exclui alimentos que gostava e que nunca lhe fizeram mal?
9) Você se impõe alimentos “recomendados”, sem orientação de um profissional?
10) Você recusa alimentos que se enquadram nas restrições das dietas da moda?
Então, relaxe e não esqueça!